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Realizado no dia 19 de outubro, por meio da modalidade on-line, o 1º Seminário de Apicultura e Meliponicultura de Uberaba demonstrou toda a potencialidade do Brasil, bem como do nosso município, para avançar, sobremaneira, na produção de mel. Para um dos palestrantes, professor Osmar Malaspina, da Unesp Rio Claro - SP, o que falta para isto é uma maior profissionalização dos apicultores.
O evento, promovido pela Secretaria Municipal do Agronegócio (Sagri), pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi aberto pela prefeita Elisa Araújo.
Elisa salientou, as ações que a Sagri já vem desenvolvendo, como a aquisição de mel dos agricultores familiares, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, uma forma de difundir e incentivar a apicultura na região.
Abrindo o ciclo de palestras, o professor Rubens de Castro, do Instituto Federal do Sul de Minas, fez questão de destacar a importância da abelha para a sociedade em geral, tendo sido considerada animal mais importante do mundo. Ele salientou uma série de condições favoráveis para o desenvolvimento da apicultura no Brasil, como clima, vegetação e extensão, porém, lamentou a nossa produção que em 2020 chegou a de 51 mil toneladas de mel, metade do que se produz na Argentina. Minas Gerais ocupa a sexta colocação nacional, com pouco mais de 4 mil toneladas produzidas no ano passado.
Citando nove produtos oriundos da abelha, tendo o mel como carro-chefe, o professor Rubens apontou ainda uma série de serviços como polinização controlada, consultoria, cursos e apiculturismo como responsáveis por atrair cada vez mais adeptos para o segmento da apicultura. “Isto sem falar na cadeia de produção de colmeias, insumos, equipamentos, etc.”, frisou ele, argumentando, no entanto, que esta evolução está intimamente ligada à reestruturação do setor, como organizar melhor a cadeia produtiva e a elaboração de uma legislação adequada, inclusive, regulamentando os produtos da apicultura e meliponicultura.
Coube ao professor Osmar Malaspina, 73 anos, com 53 anos de docência em atividade e 45 anos de estudos com abelhas, falar das principais doenças que acometem as colônias no Brasil. O doutor na Unesp Rio Claro-SP afirmou que quase todas as colmeias contam com a presença da nosema e outras tantas da varroa, espécies de fungo e ácaro, respectivamente, que atacam nossas abelhas. “Porém, elas aprenderam a conviver bem com estes intrusos, não afetando mais a sua produção”, salientou ele, destacando ainda os ataques de cupins, formigas e do próprio homem que, com agrotóxicos, tem dizimado milhares de colônias de abelhas.
Para o professor, que desenvolveu projeto pioneiro em São Paulo, fazendo parceria com empresas para combater as consequências dos inseticidas, a apicultura no Brasil tem tudo para expandir. “A principal mudança perpassa pela verdadeira profissionalização dos nossos apicultores”, afirmou ele, apontando algumas ações que julga fundamentais para quem quer de fato investir e ter resultados na apicultura. “São elas: formação de colônias fortes, com 50 mil abelhas ou mais cada, mudança anual da rainha, troca de favos a cada dois anos e alimentação suplementar com proteínas e carboidratos, dentre outras”, relacionou Malaspina.
Enfatizando o manejo produtivo, a professora Renata Trevissan, da Fazu Uberaba - MG, deu ênfase para meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão. Ela salientou a importância da escolha da espécie, citando que no Brasil as criações mais comuns são das meliponini (uruçu, mandaçaia e manduri, por exemplo) e as trigonini (como iraí, jataí, mandaguari preta e arapuá). “Em Uberaba, as principais colônias são de jataí e mandaçaia”, disse Renata.
Fechando, o representante da empresa Melbras /de Timóteo - MG, Gustavo Martins, fez um balanço do mercado apícola no mundo, que hoje movimenta mais de 500 mil toneladas de mel, tendo os Estados Unidos como maiores consumidores. Gustavo frisou as exigências deste comércio com méis altamente certificados quanto a qualidade, boas práticas e livres de agrotóxicos, além da crescente opção pelo mel orgânico.
Em nome da Sagri, o diretor de Produção Agropecuária, Raoni Terra, agradeceu a disponibilidade e o alto nível dos palestrantes, anunciando, para breve, debates específicos e mais aprofundados sobre cada tema. Também em defesa de uma apicultura saudável, Raoni frisou a importância de se combater queimadas e desmatamentos, reafirmando a determinação do Governo Municipal em oferecer aos agricultores familiares o máximo de opções para diversificação de suas atividades e melhoria de renda, sendo a apicultura uma delas.
A íntegra do Seminário de Apicultura e Melinocultura de Uberaba você pode acessar na página da Fazu virtual.
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